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Serra da Malcata

Serra da Malcata

A Serra da Malcata é uma das maiores e mais belas elevações de Portugal, localizada entre os concelhos do Sabugal e Penamacor, na região da Beira Interior. Neste artigo, vamos explorar as características, história e biodiversidade desta serra que alberga a Reserva Natural da Serra da Malcata, criada em 1981 com a finalidade de proteger o lince ibérico e o seu ecossistema.

Características da Serra da Malcata

A Serra da Malcata faz parte do Sistema Central, um conjunto montanhoso que atravessa o interior central da Península Ibérica, desde a Serra de Gredos até à Serra da Estrela. A Serra da Malcata é o sector terminal e mais ocidental deste sistema, com uma altitude máxima de 1078 metros.

Formada por rochas graníticas e xistosas, que dão origem a formas arredondadas e escarpas abruptas. Paisagem marcada por vales encravados, onde correm rios e ribeiras que alimentam albufeiras e praias fluviais. Os principais cursos de água são o rio Côa, o rio Bazágueda e a ribeira da Meimoa.

A vegetação é dominada por arbustos de urze e vassoura, que cobrem cerca de 70% da área da serra. Nas zonas mais húmidas e frescas, existem florestas de carvalhos, castanheiros e salgueiros. Nas áreas mais altas e expostas, predominam gramíneas e plantas aromáticas.

História da Serra da Malcata

A Serra da Malcata tem uma longa história de ocupação humana, que remonta à pré-história. Existem vestígios de aldeias fortificadas, antas, menires e gravuras rupestres que atestam a presença de comunidades agropastoris na serra.

Durante a época romana, a serra foi atravessada por várias vias militares e comerciais, que ligavam as cidades de Mérida, Cáceres e Salamanca. Foi também palco de confrontos entre os romanos e os lusitanos, um povo indígena que resistiu à ocupação romana.

Integrada no reino de Portugal, após a independência em 1143, foi povoada por ordens religiosas, como os templários e os cistercienses, que fundaram mosteiros e conventos na região.

Também foi palco de guerras entre Portugal e Espanha, de tal forma que as aldeias do Sabugal e Penamacor foram fortificadas.

Mais recentemente, a cadeia montanhosa foi afetada pela desertificação humana e pela perda de importância económica. A agricultura e a pecuária entraram em declínio, assim como as atividades tradicionais, como a tecelagem e a cerâmica. A serra tornou-se então um refúgio para a vida selvagem, que encontrou nas suas encostas isoladas um ‘habitat’ favorável.

Biodiversidade

A Serra da Malcata é um dos locais mais ricos em biodiversidade em Portugal, albergando cerca de 220 espécies de vertebrados, assim como de mais de 800 espécies de plantas. A serra é especialmente conhecida por ser o ‘habitat’ do lince ibérico, o felino mais ameaçado do mundo.

O lince-ibérico é uma espécie endémica da Península Ibérica, que se caracteriza pelo seu tamanho médio, pelo malhado, orelhas com tufos pretos e cauda curta com ponta preta. Alimenta-se principalmente de coelhos bravos, mas também caça lebres, perdizes e roedores. O lince-ibérico prefere viver em zonas calmas, densas e rasteiras, onde se pode esconder dos seus predadores.

A população de lince-ibérico na Serra da Malcata já foi uma das mais numerosas da Península Ibérica, mas diminuiu a partir da década de 1960 devido à perda de ‘habitat’, redução de presas, caça furtiva e doenças. Porém, apesar dos esforços de conservação, o lince-ibérico desapareceu da serra no início do século XXI.

Atualmente, existem projetos para a reintrodução do lince-ibérico na Serra da Malcata, que envolvem a reprodução em cativeiro e a libertação de espécimes na natureza. Estes projetos visam recuperar a população de lince-ibérico na serra e contribuir para a sua sobrevivência a longo prazo.

Para além do lince-ibérico, igualmente, é também ‘habitat’ de outros mamíferos, como o lobo-ibérico, o javali, o gato-bravo, a gineta, o texugo, a lontra e o morcego. A montanha é também um local privilegiado para observar aves de rapina, como o abutre-preto, a águia-real, o milhafre-dourado, a coruja-dourada e a cegonha-preta. A montanha também abriga répteis, anfíbios, peixes e invertebrados, que compõem uma fauna diversificada e única.

Como visitar a Serra da Malcata

A Serra da Malcata é um destino ideal para os amantes da natureza e do turismo rural. A serra oferece diversas atividades ao ar livre, como caminhadas, BTT, canoagem, pesca e observação da fauna e flora. Dispõe ainda de vários alojamentos rurais, onde pode desfrutar da tranquilidade e hospitalidade da região.

Para visitar, pode-se partir das vilas do Sabugal ou de Penamacor, sendo as sedes dos municípios que abrangem a serra. Nestas vilas, pode-se visitar os seus centros históricos, os seus castelos medievais e os seus museus. Pode-se também aproveitar provar a gastronomia local, baseada nos produtos da terra e nos pratos típicos da Beira Interior.

Na Serra da Malcata, existem vários percursos pedestres sinalizados que permitem conhecer os seus principais pontos de interesse. Um dos percursos mais procurados é o PR1 – Rota do Lince Ibérico, com cerca de 12 km de extensão e percorre as zonas mais emblemáticas da Reserva Natural. Outros percursos são a PR2 – Rota das Aldeias Históricas, que passa por aldeias com património arquitetónico e cultural; PR3 – Rota dos Miradouros, que oferece vistas panorâmicas sobre a serra e os seus vales; e PR4 – Rota das Minas do Cabeço do Pião, que explora as antigas minas de tungsténio que operaram nas montanhas durante as guerras mundiais.

Tesouros Naturais

Na Serra da Malcata, pode também desfrutar das suas águas límpidas e refrescantes nas suas albufeiras e praias fluviais. Algumas das mais conhecidas são a albufeira do Meimão, a albufeira do Sabugal, a praia fluvial da Meimoa e a praia fluvial da Bazágueda. Nestes locais, é possível praticar atividades náuticas como canoagem, remo ou paddleboarding.

É uma cordilheira que guarda segredos antigos e abriga tesouros naturais. Como resultado é uma serra que nos convida a descobrir as suas belezas e as suas histórias, que nos faz sonhar com o regresso do lince ibérico.

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