Fernando Pessoa, o escritor que criou vários heterónimos
Fernando Pessoa é um dos maiores nomes da literatura portuguesa e mundial.
Você sabia que ele não escrevia apenas sob o seu próprio nome, usando vários outros?
Isto é esses outros nomes eram chamados de heterónimos, que são diferentes da simples assinatura de um pseudónimo.
Ele explorou temas como a identidade, a saudade, o sonho e a metafísica.
Os heterónimos de Pessoa são personalidades distintas, com biografias, estilos e visões de mundo próprias.
Neste post, vamos conhecer um pouco mais sobre os principais heterónimos de Fernando Pessoa e as suas características literárias.
Alberto Caeiro, O Poeta da Sensação
Alberto Caeiro foi o primeiro heterónimo criado por Pessoa, em 1914. Considerado o mestre dos demais, por ter uma poesia simples e natural, que busca a essência das coisas.
Alberto Caeiro é um poeta da sensação, que rejeita o pensamento e a metafísica. Ele diz-se um “guardador de rebanhos”, que vive no campo e observa a natureza com olhos inocentes.
A sua obra mais famosa é O Guardador de Rebanhos, composta por 49 poemas em versos livres.
Ricardo Reis, O poeta da Razão
Ricardo Reis é o oposto de Caeiro. Dessa forma, é um poeta da razão, que segue os preceitos do estoicismo e do classicismo. Reis é um médico nascido no Porto, que vive exilado no Brasil desde a implantação da República em Portugal, em 1910.
Adicionalmente, é um poeta da reflexão, que escreve em prosa os seus pensamentos e impressões sobre a vida quotidiana.
Sua poesia é marcada pelo tema da fugacidade da vida e pela busca da serenidade diante do destino.
Álvaro de Campos, O poeta da Emoção
Álvaro de Campos é o mais moderno e complexo dos heterónimos de Pessoa. Assim sendo é um engenheiro naval formado na Escócia, que viaja pelo mundo e vive em Lisboa. Campos é um poeta da emoção, que expressa os seus sentimentos com intensidade e variedade.
Ele passa por três fases distintas:
- Primeiramente, Influenciado pelo futurismo e pelo sensacionismo, com poemas longos e cheios de dinamismo e exaltação;
- Depois marcado pelo desencanto e pela angústia existencial, com poemas mais curtos e pessimistas;
- Por último, caracterizado pela resignação e pela nostalgia, com poemas que evocam a infância e a saudade.
A sua obra mais conhecida é Ode Triunfal, um poema que celebra a civilização moderna e a sua tecnologia.
Bernardo Soares, O poeta da reflexão
Bernardo Soares é o mais próximo de Pessoa. É um modesto ajudante de guarda-livros que trabalha em Lisboa e escreve nas horas vagas
Ele considera-se uma parte da personalidade de Pessoa que é diferente mas não completamente separada dele.
Ele é o autor do Livro do Desassossego, uma obra inacabada e fragmentária, que mistura autobiografia, ficção e filosofia.
Não tem uma narrativa linear, mas sim um fluxo de pensamentos e sensações do autor, essencialmente composto por centenas de fragmentos, que variam em extensão, estilo e tema no qual expressa a angústia, o tédio, a melancolia e a inquietação existencial do homem moderno
Os vários Fernando Pessoa
Fernando Pessoa criou cerca de 70 personalidades diferentes ao longo da sua vida, cada uma com a sua voz e a sua obra.
Além disso, essa multiplicidade faz de Pessoa um autor único e fascinante que nos desafia a questionar a nossa própria identidade e a nossa relação com o mundo.
Ele foi um poeta, escritor e filósofo português que criou múltiplas personalidades literárias, cada uma com seu próprio estilo e voz.
Dessa maneira continua a ser considerado uma das figuras mais influentes do modernismo e um dos maiores poetas da língua portuguesa. Suas obras exploram temas como identidade, existência e criatividade com originalidade e profundidade.